>>>--------> Elfo Verde >>>-------->

Tendo saído de casa de Gepeto, seu pai, Pinóquio dirige-se à escola onde é apupado pelos colegas por este trazer o nariz maior que o costume e, desta vez até já um passarinho estava a tentar construir um ninho rum ramito que entretanto despontou na ponta do nariz do nosso herói. Pinóquio passa pelos colegas com o nariz empinado e com um ar de desdém dirige-se à sala dos professores onde anuncia que a partir daquele dia os stôres e stôras se iriam avaliar uns aos outros e, depois trocavam com os alunos sendo estes a avaliar os mestres.

Dito isto e, perante as caras estupefactas dos docentes, afirmou logo de seguida que esta decisão fora tomada depois de uma séria, profunda e serena reflexão do que tinha sido a sua vida escolar até então e, que muitos colegas e professores tinham posto em causa o porquê de ter chegado aonde chegou cavalgando um cavalo de pau envolto num diploma que tinha encontrado numa universidade qualquer onde tinha ido almoçar um dia e, que só como embrulho servia por não ter sido conseguido com esforço próprio – o desgraçado engenheiro que perdeu o diploma ainda hoje o procura em vão -. Os colegas, durante os intervalos, até já o apelidavam de socrático pois Pinóquio apenas tinha dito uma verdade até aí, “só sei que nada sei”, tinha ele afirmado depois de ter metido um golo na própria baliza.

Ora, Pinóquio tinha sido eleito para escolher os colegas das equipas lá da escola apenas porque era ele que levava todos os dias a bola debaixo do braço, desde casa até à escola que distava a uns bons três minutos de distância. Como era ele que tinha a bola, era mais que justo que tivesse sido eleito capitão das duas equipas.

Naquele tempo ainda os jogos tinham por costume mudar aos cinco e acabar aos dez, não se pondo em causa quanto tempo duraria o jogo, o importante era que se acabasse antes de anoitecer porque então já não se via a bola nem uns aos outros.

Aconteceu, que os stôres e stôras esperavam horas a fio pelo fim do intervalo para os petizes retomarem as aulas e, os putos não apareciam nas aulas.

Ao principio ainda apareciam alguns, indignados por se sentirem na obrigação de saírem do jogo, mas a pouco e pouco foram acostumando-se a só irem para a aula quando o capitão da equipa decidisse ou resolvesse expulsar algum ou trocar de jogadores a meio do jogo ou quando lhe desse na gana de acabar o jogo por ter levado alguma canelada (sem querer) de um colega mais velho que até já tinha barba na cara.

Ora quando isto acontecia, lá ia o Pinóquio todo esfarrapado e sujo na sua dignidade, mas com os calçõezitos limpitos que o Gepeto não queria que o seu pimpolho fizesse má figura lá na escola, pelo menos a farpela havia de andar sempre apresentável, para tal Gepeto deu-lhe três mudas de roupa para ter sempre no cacifo lá da escola e três cabides de plástico para manter os trapitos direitinhos.

Como estávamos contando, um dia no fim de jogo particularmente difícil a que tinham ido assistir os stôres lá da escola e, como nesse dia tivesse sido agredido à canelada (sem querer) pelo tal colega de barba, que com uma cara alegre e bonacheirona o veio ajudar a levantar, mostrando assim respeito pelo colega, não sem entretanto lhe ter apertado a mão, com tal força que Pinóquio sentiu os dedos a estalar, mas como os professores só viram o gesto de ajuda do Manelito, alegre e barbudo, a ajudar o colega, ficaram muito contentes com este e desconfiaram do olhar de desdém que Pinóquio lançou ao amigo que o tinha ajudado a levantar.

O alegre Manel ria-se a bandeiras despregadas para gáudio dos stôres que assistiam maravilhados a tão esfuziante sinal de camaradagem entre amigos da mesma escola.

Ora, Pinóquio, depois de mudar a farpela foi aà tal sala dos stôres a anunciar a sua decisão de daí para a frente os stôres se absterem de rir das piadas do alegre Manel e de manterem silêncio absoluto se o vissem levar alguma canelada (sem querer) de algum colega, fosse este da equipa dele ou da adversária.

Ora, perante isto, os stôres e stôras decidiram por unanimidade tirar a bola ao Pinóquio, acabarem com aquele jogo da bola e meter os putos todos nas salas de aula e só sairem de lá quando os papás dos meninos fossem à Escola e pedissem desculpas aos professores – na praça pública -, pelas más educações que tinham dado aos filhos e obrigando estes a terem de assistir as aulas ao lado dos seus rebentos.

Assim acabou o reinado de bandalheira que Pinóquio tinha instituído na escola pública..., diz-se que o foram encontrar, anos mais tarde, como reitor de um escola de correcção, para onde tinha entrado compulsivamente a pedido dos encarregados de educação dos restantes colegas da dita escola -, ali para os lados de Castelo Branco.